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armazém misterioso

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Mensagem por Eliel Sundfør Dom Jul 07, 2019 10:33 pm


Estar na X-Force era diferente de tudo o que eu já havia vivido. Antes, minha vida se resumia a ser apenas uma arma assassina nas mãos de um governo cruel e desumano, usando a minha irmã e eu como meras ferramentas. Nossas vidas naquele laboratório subterrâneo haviam sido vazias, sem propósito, mas agora com os X-Men tínhamos a chance de fazer tudo diferente. Eu não precisava mais ser um assassino e agora, vivendo como um aluno da Academia X, eu tinha a chance de ser uma pessoa melhor, de aprender mais sobre a vida. Minha evolução era lenta, afinal eu era um cara de vinte e três anos que ainda estava aprendendo coisas que crianças já sabiam.

Naquela tarde, ouvi um burburinho sobre um armazém abandonado no Bronx. Aparentemente, coisas estranhas aconteciam. Alguns achavam que eram alienígenas, enquanto outros alegavam que o local era assombrado, enquanto outros apenas ignoravam. Seja como fosse, o Galpão 33 era um lugar quase assombrado. Sem muitas delongas, no meio da noite eu decidi reunir alguns itens e parti para a missão. Em minha mochila, tinha duas sai, dez barras de cereal, dois litros d’água em quatro cantis e um facão. Se houvesse alguma assombração, eu iria matá-la sem sombra de dúvidas. Segundo alguns dos professores da academia, isso não existia, mas eu era desconfiado, então todo o cuidado era pouco.

Acordei no meio do caminho ainda um pouco assustado, havia tido um pesadelo terrível. Desci do Uber ainda cedo, olhei tudo à minha volta e cobri meu rosto com o auxílio de um capuz. Enfiei as mãos nos bolsos e fui para o outro lado da rua, verificando a porta e a cerca elétrica que impedia pessoas intrometidas de entrarem. Era o porto ali, afinal. Pensei bem, então retirei um clipe de meu bolso e me agachei, tentando abrir a porta fechada com um cadeado e correntes. Sem sucesso, bufei e atirei o clipe, erguendo a mão e, absorvendo o som do tilintar dos metais, concentrei-me e criei uma fina cobertura que envolveu minha mão. A energia transparente vibrou, acelerando, e o seu movimento era semelhante ao de um vasto oceano sendo atingido por inúmeras gotas de água. Encostei a palma no cadeado e o parti ao meio, assim como as correntes e uma pequena parte do portão.

Entrei no lugar, procurando pelo Galpão 33. Havia nenhum movimento ali, era de madrugada afinal, o que me deixava com tranquilidade para vasculhar todo o armazém em paz. Achei-o depois de dois minutos inteiros de procura; era um prédio alto, de tijolos vermelhos e antigos com uma placa velha e toda preta com os dizeres “Galpão 33” escritos com tinta branca já desbotada pelo tempo. Os portões eram de aço, com correntes enferrujadas e um cadeado que nem precisei de muito esforço para destruí-lo com minha mão envolta por som solidificado.

O local por dentro era, no mínimo, simples demais. Haviam diversos caixotes vazios espalhados, assim como várias estantes de metal espalhadas e organizadas. Não havia nada ali. Pus a mão em minha cintura, coçando a cabeça e caminhando, atento aos sons e cuidando para que cada ruído fosse absorvido por mim. Mas não havia nada ali além de ratos e baratas. Era decepcionante, para ser sincero. Eis que ouço algo quando já estava no lado extremo do galpão. Na ponta dos pés, já fui com a minha sai em mãos quando viro um dos imensos corredores construídos a partir de estantes e… Quê? Bem à minha frente, havia um rapaz morto, com seu estômago aberto por um enorme pedaço de ferro, do teto havia um buraco e uma figura me olhava, usando uma máscara assustadora e sem expressão alguma. Assim que ele pulou, peguei a segunda espada sai e avancei, porém o homem era muito rápido e ágil. Ele rolou como um pião, dando um chute certeiro em meu peito e me lançando contra uma das estantes.

Cuspi sangue, arfando com o impacto e absorvendo o som para envolver meu corpo e, rapidamente, avancei com super-velocidade na sua direção, mas era quase como se ele soubesse exatamente como funcionavam os meus golpes. Ele simplesmente se agachou e atingiu meu estômago, me derrubando no chão frio. A lâmina afiada rasgou meu interior, enquanto eu cuspia mais sangue e, tentando alcançar a máscara do homem, fui surpreendido por um outro golpe, este atingindo em cheio minha garganta. Minha cabeça girava, aos poucos meu ar se tornava mais rarefeito e, em meus últimos suspiros, encarei o rapaz morto pelo assassino misterioso.

Era eu.

***

Acordei no meio do caminho ainda um pouco assustado, havia tido um pesadelo terrível. Desci do Uber ainda cedo, olhei tudo à minha volta e cobri meu rosto com o auxílio de um capuz. Enfiei as mãos nos bolsos e fui para o outro lado da rua, verificando a porta e a cerca elétrica que impedia pessoas intrometidas de entrarem. Era o porto ali, afinal. Pensei bem, então retirei um clipe de meu bolso e me agachei, tentando abrir a porta fechada com um cadeado e correntes. Congelei naquele movimento, encarando o clipe e engolindo em seco. Tinha algo errado ali. Franzi o cenho. Não funcionaria, eu não sabia como, mas tinha certeza de que não iria rolar. Como eu não sabia, mas sabia. Espere? O que eu estava fazendo?

Usando meus poderes, absorvi o som e o envolvi em volta de minha mão, acelerando-a a uma velocidade de fricção alta o suficiente para destruir o cadeado e correntes. Entrei no local, ainda um pouco confuso. Fui para a esquerda, já tendo ciência de que o galpão estaria ali. Parei de frente para o velho portão de metal. Se realmente houvesse algo de bizarro ali, não seria melhor ir por outra direção? Por cima seria a melhor escolha! Assenti para mim mesmo, indo para o lado do armazém, subindo algumas escadas para ir até o teto. De lá, poderia averiguar melhor o interior do armazém.

Enquanto fazia isso, eu não podia deixar de me sentir diferente, estranho, até. Era como uma sensação que me deixava arrepiado e desconfiado, como se eu já tivesse feito aquilo antes e estivesse prestes a reviver algo. Era como uma memória repetida ou um disco arranhado. Mesmo assim, me esgueirei pelo teto e, com passos silenciosos e sutis para não criar ruídos, fui até uma janela de vidro e olhei lá embaixo. Apenas estantes e mais estantes, com vários caixotes de madeira e muita poeira. Senti uma aproximação e, olhando pelo canto do olho, notei uma sombra à minha esquerda. Preparado, tentei puxar minha sai, porém tive meu pulso pisado pelo pé da figura que me assombrava e, tentando pelo menos fitá-lo, recebi um golpe em minha coluna, fazendo-me arfar. A faca cortou minha carne facilmente, o sangue escorreu de meus lábios e perdi os sentidos, despencando para o vazio e sentindo os estilhaços do vidro arranharem minha pele e rasgar minhas vestes.

Caí no solo, a vertigem ainda acometendo os meus sentidos enquanto eu ia despertando e abrindo os olhos. Estava no armazém, porém via eu mesmo me encarando. Tentei me mover ou falar qualquer coisa, mas meu corpo inteiro estava destroçado, como me mover? Em meio a todo o plangor daquele momento, caí no oblívio profundo e sepulcral.

***

Esticando os braços enquanto alongava o corpo, bocejei no carro a caminho do armazém abandonado. Sorri para o motorista que me olhou pelo retrovisor parecendo bem-humorado, o rádio tocava uma música animada e em resposta estalei os dedos.

— Sabe que música é essa? — perguntou o motorista, ao qual respondi maneando negativamente a cabeça. — Time, do Pink Floyd. Boa para caralho! Bons tempos, sabe? Não existem mais músicas assim na atualidade.

Estranhei, cerrando o cenho. Algo estava errado. Olhando para o amontoado de armazéns à beira do mar no porto, arregalei os olhos ao me lembrar de tudo. Eu havia morrido ali! Várias vezes! Não era uma metáfora, e sim a realidade, pura e simples!

— PARE! — gritei, e então o homem deu uma freada brusca, vários metros antes do meu ponto inicial naquele loop temporal. — Vou ficar aqui mesmo.

— Mas seu destino não é lá na frente? — perguntou o homem, observando-me por cima dos ombros e com estranheza estampada em seu olhar. Neguei, jogando várias notas de dinheiro. Eu precisava ter um novo plano, pegar meu assassino de surpresa e acabar com o maldito.

Decidi pegar um caminho diferente dessa vez. Escalei uma lixeira, pulando um dos muros do porto e indo por um caminho muito mais comprido na direção do Galpão 33. Eu consigo! Eu consigo! Vendo o local, ao invés de ir direto para o perigo, fiquei apenas parado, à espera. O tempo passou arrastando-se, mas permaneci onde estava, esperando. Entediado, bufei e fiquei de pé, dando meia-volta. Soltei um gemido baixo ao ter meu estômago perfurado por uma faca, e novamente estava lá o meu assassino mascarado.

***

— Sabe que música é essa? Time is on My Side, dos Rolling Stones e com a diva da Irma Thomas. Que voz incrível, cara! — o motorista curvou-se e aumentou o volume, mas dessa vez não havia alegria alguma em mim. Olhei-o e, estreitando os olhos, concluí que ele era a única testemunha que sabia aonde eu ia esse tempo inteiro. Só ele e mais ninguém.

Retirei a sai de minha mochila e, num golpe rápido, enfiei-a no banco e atravessei o peito do homem, cuja reação foi soltar o volante e nos tirar da pista, avançando contra a calçada e batendo contra um poste. Segurei-me com força no banco, absorvendo o som para proteger meu corpo e mantê-lo imóvel onde ele estava. O homem jorrou sangue, mas ainda estava consciente.

— Fala, o que você quer de mim? — exigi.

— If I could save time in a bottle, The first thing that I’d like to do, Is to save every day, ‘Til eternity passes away, Just to spend them with you… — cantarolou ele, sorrindo com os dentes sujos de sangue. Enojado, peguei minha segunda sai e cravei-a em seu peito, terminando de matá-lo.

— Seja lá o que você quisesse de mim e seja lá o que você queria comigo, acabou. — Ele ainda tinha seus olhos brilhantes e verdes me encarando com ternura, sua mão se estendeu e tocou minha face, fazendo-me sentir ainda mais raiva.

— Você vai entender tudo algum dia, querido. Se prepare, pois eu voltarei algum dia para acertarmos as contas. — Ele sorriu e, aos poucos, foi falecendo.

Me joguei para trás no banco, gemendo e coberto de suor. Limpando as minhas costas, rapidamente peguei minha bolsa e minhas espadas, limpando-as com uma camisa extra e enfiando tudo na mochila e pondo-a nas costas. Saí o mais depressa que eu podia, antes que atenção indesejada surgisse para mim. Eu não queria problemas.

Fui a pé para casa, obviamente, lá contei tudo para Ethan e Eve, depois indo tomar um banho e, por fim, dormir. Tive uma noite tranquila de sonho. Não sei bem com o que sonhei, mas havia um homem de olhos verdes me abraçando ternamente.

***

Era um novo dia e, com ele, mais frio do que nunca em Nova Iorque. Despertando logo cedo, fui para a cozinha da academia e lá encontrei todos os meus amigos e companheiros. Ainda com o meu pijama de Pikachu e pondo cereal, ouvi sobre um tal de um armazém abandonado que Ethan falava.

— É um Galpão 33, tem barulhos e sons estranhos que são reportados para as autoridades, mas sempre que chegam o local está ermo e silencioso. É um mistério sem fim.

Parecia ser interessante. Ergui minha mão, balançando a colher no ar.

— Eu acho que eu vou nessa missão aí, Ethan. Posso? — perguntei, comendo meu cereal com leite e esperando sua resposta.

— Claro. Hoje à noite.

— Tudo bem. — Sorri em agradecimento, e enquanto comia pensava qual seria o mistério que me aguardava aquela noite.



Ficha + Dados:
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Mensagem por Powers Of X Qua Jul 10, 2019 2:40 pm

MISSÃO CONCLUÍDA

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