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Mensagem por Daniel Frost Sáb Jul 06, 2019 8:45 pm



I started from the bottom and now I'm rich
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As coisas podem mudar repentinamente. A minha vida havia mudado muito rápido e em um curto período de tempo, de forma que eu havia evoluído com grande dificuldade e muitas oposições. Eu havia chegado ao topo, ao pico da montanha, e eu agora era o Rei Branco do Clube do Inferno. É, eu havia me virado muito bem, obrigado. Entretanto, mesmo com tudo isso, eu ainda gostava de coisas simples, como ir num restaurante e comer uma comida simples e gostosa. Eu podia contratar qualquer chefe de qualquer parte do mundo, mas preferia vir sozinho até aqui, em Manhattan, para comer.

As coisas mais simples são as melhores, não? Caminhando entre as mesas, retirei meu cachecol e sorri educadamente para um atendente, apertando a sua mão. Eu já era conhecido ali, todos os funcionários já estavam acostumados a me ver pelo menos três vezes por semana. Sentei-me e cruzei as pernas e, após fazer meu pedido, eis que decido vaguear pelo meu celular e suas milhares de notificação. Sem graça, odeio essas monotonias. Revirei os olhos, tamborilando os dedos na mesa. Um vinho cairia bem.

(c)
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Mensagem por Morganna Ravenstorm Sáb Jul 06, 2019 11:38 pm



Arrumei o avental escuro enquanto fingia prestar atenção nos problemas de Sally, a garçonete que vivia reclamando do quanto o namorado dela não era atencioso, carinhoso, meloso e todo o tipo de coisa que, se fosse comigo, eu jamais consideraria um material perfeito para alguém que viesse a me pedir para ser sua companheira.

Adiantei a entrega de alguns pedidos das mesas 4 e 7 da parte de fora do restaurante. O famoso macarrão à bolonhesa do lugar atraía diversas pessoas para o canto mais turbulento de Manhattan. Apesar de preferir a quietude de meu trabalho noturno como enfermeira no hospital próximo ao Queens, as gorjetas e os sorrisos dos funcionários acabavam por me conquistar sempre.

Um burburinho agitado tomou conta dos garçons quando levaram o pedido de um dos costumeiros clientes. Pela enumeração da mesa, sabia que se tratava do tal Frost de quem todos por ali falavam. Se ele era algum tipo de celebridade ou não, pouco me importava. Os ricos poderiam apodrecer que eu só pensaria a ter piedade deles quando a parcela mais pobre - e mais numerosa - da população tivesse o que lhes era de direito.

Esbocei um largo sorriso ao lembrar de Samantha, uma de minhas colegas de quarto no alugado do Queens, quando a mesma planejava se transformar em uma serpente só para se infiltrar em um dos covis dos poderosos e morder o "lider" deles. A ela eu segredava minha condição de mutante, assim como sua pré-disposição genética a se assemelhar a uma cobra era apenas do nosso mútuo conhecimento.

Assumi o lugar de Sally quando a mesma atendeu um telefonema e peguei o pedido do sujeito Frost. Uma taça de vinho e o corte de carne de sempre, no ponto certo. Me inclinei gentilmente ao chegar na mesa do lado de fora do restaurante e coloquei o prato e a taça juntos, enchendo metade da elegante peça de vidro e sorrindo para o homem loiro que parecia perdido em pensamentos.

- Aproveite a refeição, sr. Frost - dei um sorriso curto e educado antes de me retirar para as portas duplas da cozinha, nos fundos do estabelecimento. Impressão minha ou aquele homem parecia decifrar a mente das pessoas que passavam na rua com um simples olhar?

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Mensagem por Daniel Frost Dom Jul 07, 2019 1:21 am



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Perdido em pensamentos, ocasionalmente eu lia os pensamentos de uma ou outra pessoa, apenas o suficiente para ter com o que refletir. Do outro lado da rua, um homem passeava com o seu cachorro e pensava sobre suicídio, mas olhava para o seu cão e decidia não fazê-lo, pois ele ficaria sozinho sem seu dono. Uma outra mulher caminhava tranquilamente, pensando no quanto tinha de emagrecer para seu marido voltar a lhe achar atraente. Na direção oposta à minha, uma garota voltava da escola pensando no quanto ela era feia – apesar dela ser absurdamente linda. Em resumo: todas aquelas pessoas eram potenciais desperdiçados. Era triste ver tantas pessoas se entregando à negatividade e a tristeza, enquanto paralelamente outras, inferiores e ridículas, se colocavam em pedestais e se julgavam superiores.

Parecia ser um grande padrão da humanidade. Mulheres sendo rebaixadas, homossexuais sendo diminuídos, negros sendo ofendidos… as pessoas eram escrotas demais. Tudo uma forma de controle e segregação. Assim era mais fácil manipular as grandes massas: criando padrões, categorias e formas de as fazerem se voltar umas contra as outras. Eu não via as coisas desse modo, no entanto. Eu havia nascido do nada, havia vivido na pobreza e com um lar abusivo e agora cheguei a um patamar que muitos sequer podem sonhar. Eu era uma prova viva de que a roda podia ser quebrada. Eu era um mutante gay assumido e eu era superior.

Fui servido por uma senhorita agradável e aparentemente bastante jovem, a qual agradeci com um largo sorriso, cumprimentando-a com um aceno de cabeça. Foi então que ouvi o som de explosões. No fim da rua, vi uma delegacia de polícia em chamas e uma figura sobrevoando os destroços incinerados. Policiais corriam e o pânico se espalhou enquanto diversas pessoas corriam para longe, carros ultrapassavam as calçadas e postes eram atingidos e amassados, alguns caindo ao chão. Segurei firme o pulso da morena, trocando um olhar rápido com ela.

— Saia daqui, moça. Proteja-se! — alertei-a, levantando-me e atirando várias notas de cem na mesa. Podia ser um pânico generalizado, mas eu ainda era um cidadão que precisava pagar pelos serviços prestados. Como um telepata não podia fazer muito, mas eu podia tentar ao menos entender como funcionava a mente daquele homem e talvez, quem sabe, convencê-lo a parar com aquela burrice.

Eram idiotas terroristas e ensandecidos como este que os mutantes começaram a serem caçados e trancafiados como animais. Trinquei os dentes, levando os dedos indicador e médio para minhas têmporas, concentrando-me enquanto andava na direção do desastre ambulante. Era um homem alto, grande e que um dia fora musculoso, parecia muito velho e cansado, lançando bolas e mais bolas de fogo destrutivas. O que será que havia feito ele surtar dessa forma? E como eu iria apagar aquele incêndio?

(c)
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Mensagem por Morganna Ravenstorm Dom Jul 07, 2019 11:42 am

Here comes the STORM


Às vezes eu só queria que o mundo aceitasse o Gene X e nos deixasse em paz, sabe? Que grupos fanáticos como a Irmandade ou mesmo o famoso Clube do Inferno não se fizessem necessários, aliciando mutantes e os transformando em vilões e monstros que são exatamente os que o restante da humanidade pensa sore nós.

Eu não sabia de onde ele vinha ou o que estava fazendo ali perto, destruindo carros da polícia e causando tumulto. Quando ouvi as palavras "fogo" e "aberração" em uma mesma frase proferida por uma mulher que fugia aos tropeços com seu filho no colo, cerrei os punhos.

Esse tipo de mutante realmente tinha nascido com uns neurônios a menos, uma ironia genética.

Levantei uma sobrancelha quando o sujeito loiro agarrou meu pulso, como se eu fosse algum tipo de donzela em perigo. Ele estava bêbado? Olá, século 21, mulheres sabem se defender.

— Me larga — protestei e me livrei de sua mão. Me virei para os clientes que se escondiam debaixo das mesas e respirei fundo. Eu não era enfermeira-chefe à toa. Sabia liderar uma equipe quando os mesmos precisavam de mim. — Todo mundo pra dentro! Os bombeiros já devem chegar. Vão! Não quero ninguém perto dessas mesas!

Quando procurei o tal Frost para conduzi-lo até a porta do restaurante, constatei a pior atitude de uma pessoa no meio de uma crise. Ele estava caminhando direto para o olho do furacão. Quem ele achava que era? Com toda a certeza não pensava em salvar alguém bancando o telepata superpoderoso com aqueles dedos nas têmporas.

Aproveitei a distração do mesmo e terminei de conduzir os últimos clientes para dentro do estabelecimento, acenando para Sally assumir o comando ao alegar que eu havia "perdido" me avental na confusão.

Enquanto os funcionários se ocupavam em acalmar os clientes corri o máximo que pude na direção da delegacia. Aquele maluco precisava esfriar a cabeça.

Passei pelo loiro e cheguei antes dele no centro da confusão. Espera, era o Jhonny do grupo de reabilitação de viciados que eu ajudava a conduzir todas as quintas-feiras no hospital?

Ai, que ódio!

Me escorei em uma parede, longe do campo de visão dele e dos demais cidadãos apavorados com o ato terrorista e cruzei as mãos nas costas, esticando os dedos e me concentrando no incêndio.

O céu, que já estava escuro graças às línguas negras de fumaça da delegacia, começou a se agitar. Fechei as mãos em garras, concentrando o máximo possível para que as nuvens se chocassem.

A temperatura caiu mais do que o normal, fazendo um aglomerado cinzento que passava pela delegacia se condensar e começar a chover. Aos poucos, a chuva virou granizo e os torrões de gelo chiaram ao entrarem em contato com as chamas.

Era questão de tempo até que a situação se normalizasse, se eu conseguisse manter o foco no já muito avançado incêndio.


Morganna Ravenstorm
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Mensagem por Daniel Frost Dom Jul 07, 2019 9:38 pm



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A garçonete parecia decidida a permanecer bem no meio de todo aquele desastre e caos, enfrentando o perigo. Gritando para mandar todos embora, ela simplesmente me ignora e decide ir direto para o meio de toda a confusão. Louca, sim? Bem, eu fazia o mesmo, mas eu podia acabar com tudo em um segundo, caso chegasse perto o suficiente. Lia a mente do homem, descobrindo o básico sobre o mesmo. Jonathan Fühler, quarenta e nove anos, viúvo, tinha um filho morto pela polícia apenas por ser mutante e queria vingança. Aparentemente, seu filho fora confundido com um bandido e, claro, por ser negro e mutante, foi uma reação natural da polícia meter quarenta e duas balas nele para só depois perguntar quem o rapaz era.

Havia ódio, mágoa, ressentimento, luto, dor e tristeza naquele pai amargurado com a vida e com a justiça. Sempre era difícil quando se vivia no lado errado da balança. Havia sentido em seus atos, mesmo ele estando ensandecido lançando bolas de fogo nos policiais. Eles eram corruptos, ouvia os pensamentos de um deles: ele aceitava propina para “esquecer” de determinados pontos. Outro, estuprara uma garota ao lhe oferecer carona, outro, sequer trabalhava e ficava o dia inteiro jogando no computador. Eram inúteis, todos. “SAIAM TODOS, VOU CONTÊ-LO!”, gritei para todos os policiais, sendo fitado por eles, todos escondidos por detrás de suas viaturas. Pareciam não confiar em mim, porém logo eles se assustaram e saíram correndo. Virando-me para trás, vi a mulher que me atendeu controlar o clima, amenizando o fogo e o calor.

“Podia ter me dito que era uma mutante antes de eu me arriscar, Srta. Ravenstorm”, resmunguei em sua mente, voltando-me para o homem – que ela conhecia – e então criando uma conexão psíquica entre nós três, de forma que podíamos conversar mentalmente – mas não ver ou ler o pensamento alheio, somente falar em voz alta um para o outro. “Jonathan, queremos ajudá-lo, pare com isso e desça enquanto ainda tem a chance de fazê-lo. Recusar somente irá acarretar em sua morte pelos policiais que virão e a SWAT, o Controle Mutante e afins”, falei para ele, cuja reação foi lançar uma bola de fogo que atingiu o solo a uns dois metros de mim e Morgana. Podia ver seu subconsciente se abrir como uma flor a desabrochar e, virando-me para a mutante, sussurrei.

— Use a sua conexão com ele para acalmá-lo. Tentei apagar o fogo, vou invadir sua mente e ver se consigo nocauteá-lo psiquicamente. — Assenti para a mesma, fitando John e começando a revirar sua mente. Ele havia bebido recentemente, então seus pensamentos borbulhavam caoticamente, precisando serem organizados como milhares de páginas arrancadas de um livro.

Se eu tivesse sorte, conseguiria deixá-lo abarrotado de pensamentos e, quem sabe, ele teria um breakdown e dormiria por um bom tempo. Depois disso, só bastava levá-lo para o Clube do Inferno.

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Mensagem por Morganna Ravenstorm Dom Jul 07, 2019 10:31 pm

Here comes the STORM


Comecei a achar que nenhum tipo de divindade seria capaz de me enviar um encosto tão desnecessário e insistente quanto o loiro do restaurante.

Seu "ato heroico" de se meter no meio da confusão e só ganhar olhares incrédulos dos policiais poderia ter sido facilmente ignorado por mim. Se não fosse aquela maldita voz. A mesma voz do homem, que me fez pensar com todo nojo do mundo que ele era um daqueles telepatas que adorava bancar o sabe-tudo para se fazer de bom-moço.

Aquilo foi o suficiente para a força da tempestade que eu estava criando diminuir, graças à distração do homem que agora eu sabia o nome completo. Daniel. Ele estava no topo da minha lista negra a partir daquele momento.

— Se você machucar Jhonny de qualquer forma — cerrei os punhos e as nuvens voltaram a ganhar força, estourando com raios e trovões ao se chocarem —, vai virar um frango assado antes mesmo de falar "ai".

"Jhonny, sou eu. Enfermeira Ravenstorm, lembra?" alcancei a mente do homem transtornado, voltando a focar nos focos de incêndio a serem apagados enquanto tentava acalma-lo. "Todos do hospital lamentam pela morte de seu filho, mas você sabe que não é a melhor solução ficar com raiva. Lembre-se da primeira lição do grupo, aceitar e perdoar. Quer respirar fundo comigo?"

"E-Eu não posso! Eles merecem morrer! Não posso deixar isso assim!" ele revidou, confuso. Mesmo daquela maneira torta e esquisita de se comunicar, percebi pelas falhas em suas frases que ele estava sob efeito de alguma bebida.

"Jhonathan, vamos lá", insisti e investi cada vez mais para que a chuva continuasse, alternando entre o granizo que já não mais caía para uma ventania com grossas gotas que varria o pátio do estacionamento e diminuía a fúria do fogo alimentada pelo combustível vazado dos carros.

"O que Ágata pensaria disso?", usei a carta mais poderosa que tinha no momento, a esposa dele. "Não acha que aquela doçura de esposa gostava do marido presente e prestativo que você era?"

O homem me encarou marejado de lágrimas e deixou aos poucos de levitar. Um furgão com o logotipo da imprensa local começava a se aproximar. Ai, inferno! Bem que aquele telepata podia servir para alguma coisa além de ser um pé no saco.

— Vai distrair esses enxeridos, sr. Posso Invadir a Mente Dele — sibilei raivosamente, descruzando as mãos das costas e caminhando na direção do incendiário. — Lembre-se de que eu ainda posso te fritar se fizer alguma besteira.


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Mensagem por Daniel Frost Seg Jul 08, 2019 7:38 pm



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Arrogante. Era assim que eu podia definir a garçonete. Morgana Ravenstorm. Eu lembrava-me dela, como esquecer de uma pessoa tão babaca assim? Seu amiguinho decidia atear fogo em uma delegacia e ela me ameaçava por tentar detê-lo? Como sempre, as pessoas priorizam as coisas erradas e fazem merda no processo. Eu tinha como principal meta salvar o máximo de mutantes o possível, mas os humanos eram algo com o qual eu me preocupava – machucá-los significava receber ainda mais ódio e desaprovação deles e, infelizmente, nós mutantes precisamos deles para coexistir pacificamente e termos os nossos direitos.

Mantendo a ligação psíquica entre os dois, deixei que Morgana conversasse com o homem no intuito de convencê-lo e, assentindo para a mesma, fui para a imprensa e logo acessei a mente de todos os repórteres e cinegrafistas. “Saiam daqui, andem, não irritem o homem mais do que o necessário, a não ser que queiram ser explodidos”, gritei na mente de cada um ali, entretanto muitos ainda decidiram permanecer. É, meu controle mental precisava ser melhor desenvolvido. Trinquei os dentes, virando-me para Ravenstorm.

— Anda, rápido, eles são muitos! — vociferei para a mulher, notando que na esquina cruzavam vários carros da SWAT. Porcaria! Grunhi baixinho, sentindo minha cabeça doer. Mantinha o elo entre Morgana e Jonathan, ao mesmo tempo afastava a imprensa o máximo que eu podia – algo em torno de quinze pessoas – e agora a SWAT – deveriam ser, no mínimo, umas vinte a trinta pessoas em carros blindados. Minha cabeça nesse momento parecia estar num moedor de carne.

Minha mente começou a ser atingida repetidamente por inúmeros pensamentos e, sem forças, caí de joelhos, apoiando a mão direita num carro de polícia abandonado e, trocando um rápido olhar cansado com Morgana, senti meu corpo se desligar.

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Mensagem por Morganna Ravenstorm Seg Jul 08, 2019 8:27 pm

Here comes the STORM


Revirei os olhos com a urgência de Daniel. Agora ele se preocupava com as pessoas? Muito conveniente. Abracei Jhonathan ainda no ar e sorri, limpando um pouco da sujeira de sua testa.

— Vamos, esses repórteres não vão descansar enquanto estivermos aqui — coloquei abracei seus ombros com o braço direito e o analisei, ainda preocupado com os sinais de embriagues que sua mente aparentava. Até então, estava tudo sob controle.

Ao me virar na direção do "bem-feitor" a tempo de ve-lo desmaiar. Ai, sério? Meu turno no hospital nem tinha começado ainda. De Manhattan até o Queens demoraria um século e eu não queria que esse almofadinha sujasse meu carro que eu tinha acabado de pagar a última parcela.

— Consegue ir até o outro lado, Jhonny? — diante de um aceno positivo, o deixei se desvencilhar dos repórteres até chegar na calçada junto das mesas, agora vazias.

Me aproximei do sujeito loiro e suspirei profundamente antes de pegar seus braços e erguer seu tronco para que o peso ficasse distribuído de forma a conseguir minimamente carrega-lo para dentro do restaurante. Ignorei a onda de repórteres que apontava seus gravadores - felizmente Daniel fora eficiente ao ponto de impedir que câmeras fossem ligadas - para mim.

***

Expliquei pela quinta vez ao membro da SWAT que aquele "incendiário" não seria mais um problema e que eu havia presenciado tudo, mas não conseguia identificar seu rosto ou relaciona-lo com alguém que frequentava o restaurante.

Me senti péssima ao precisar mentir, mas era o correto. Ninguém colocaria as mãos em mais mutantes para transforma-los em ratos de laboratório ou coisa pior.

Voltei para dentro do estabelecimento, onde o movimento parecia normalizado. Jhonathan já estava a caminho de sua casa e Daniel permanecia sentado no canto da longa mesa do bar onde eram servidas as bebidas mais fortes. Seu rosto pendia para o lado, indicando que ainda estava inconsciente.

Segurei uma risada ao pensar em um motivo para acorda-lo e cochichei algumas coisas para a cozinheira-chefe, que riu junto de mim antes de buscar um frasco com vinagre branco.

— Acorda, Bela Adormecida, aqui não é o Centro de Reabilitação de Fanfarrões — posicionei o vinagre logo abaixo de seu nariz, tentando ao máximo não rir da situação. — Anda, sua esposa deve estar te procurando na cobertura do prédio de mil andares.


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Mensagem por Daniel Frost Seg Jul 08, 2019 9:13 pm



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Eu sempre havia sido esperto. Consegui sobreviver nas ruas por causa da minha inteligente, encontrei um esposo rico e consegui matá-lo e me tornar Rei Branco graças a meu intelecto e beleza. Eu usava tudo em meu poder para sempre ser o melhor, mas então por que eu fui estúpido de me arriscar para salvar humanos? Deveria deixar Jonathan ser preso, perfurado por agulhas diariamente pelo resto da sua vida na Unidade de Controle Mutante. Eu não deveria ser altruísta desse modo. Provavelmente eu seria repreendido pelos meus parceiros do Círculo Interno por causa dessa burrice minha.

Acordei com um forte cheiro de vinagre, além da presença insuportável de Morgana falando asneiras, como era de seu costume. Revirei os olhos, pondo-me de pé com rapidez e olhando para uma mulher próxima de Ravenstorm e, levando os dedos às têmporas, concentrei-me e ela se curvou sobre o balcão imediatamente, dormindo. Precisava conversar com a bruxa do clima a sós.

— Eu confesso que você é muito boa no uso dos seus poderes. Você pode fazer mais por essas pessoas, sabia? Há muitos mutantes que sofrem assim como o Jonathan. Eu tentei ajudá-lo, mas é bem provável que ele volte a se embebedar e causar mais e mais problems. Com os meus e os seus poderes, podemos encontrá-lo e levá-lo para um caminho melhor. Posso achar pessoas capazes de curá-lo e ajudá-lo. — Comentei, revelando tudo para a morena e, estendendo a mão para a mutante, sorri. Não havia falsidade, no entanto; ela havia conseguido segurar as pontas melhor do que eu, e eu não seria estúpido de não reconhecer isso.

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Mensagem por Morganna Ravenstorm Seg Jul 08, 2019 9:40 pm

Here comes the STORM


Dessa vez, não segurei a risada. Ele apagou Sally - o que era um milagre, pois quase ninguém a fazia calar a boca - e depois chegou com a proposta de um milhão de dólares? Onde estavam as câmeras? Poxa, não vou receber o carro do ano e o cheque gigantesco com as modelos de biquíni dançando e comemorando.

Se ele fosse assim tão poderoso e esperto, já teria decifrado que aquele não era meu único emprego e que Jhonny não estava fora do meu radar. Mantínhamos o registro de todos os pacientes e membros dos clubes anônimos de abstinência sempre muito bem atualizados. Até porque a maioria dos funcionários morava perto deles, nos subúrbios de Nova York, como eu.

— Beba um pouco disso, vai se sentir melhor — coloquei um copo d'água na mão que ele estendia e a guiei para o tampo de madeira do bar, sorrindo para os garçons que passavam e atendiam os clientes mais afastados do bar. Fuzilei Daniel com os olhos, ainda incrédula de sua cara-de-pau. — Você bateu a cabeça quando desmaiou? Cura? Não precisamos disso. Somos assim e ponto. Você é assim. Me admira que pense dessa forma.

Conferi o relógio e constatei que faltava pouco para o fim do meu turno. Desabotoei o avental e o entreguei para Billy, que todos sabiam que tinha uma queda por mim, mas ninguém tinha coragem de faze-lo desistir da ideia.

— Posso sair mais cedo? Preciso muito chegar em casa antes de ir para o hospital. Depois dessa confusão toda o trânsito deve estar terrível. Não quero amassar minha blusa esperando esses carros todos — ensaiei meu melhor sorriso e ele retribuiu, abobalhado. O filho do chefe era sempre mais fácil de convencer. — Você é o melhor, Billy!

Beijei sua bochecha esquerda e arrastei Daniel e minha bolsa comigo. Continuaríamos aquela conversa longe do meu trabalho e de orelhas enxeridas. Parei de conduzir o loiro quando chegamos na esquina oposta ao sinal que levava à delegacia, que já estava sendo interditada pelos bombeiros.

Destravei o carro e encostei na porta do motorista, encarando o bem-feitor. Ele realmente estava decidido a me recrutar para sei lá o que de ajuda aos mutantes? Era uma versão mais light da Irmandade? Obrigada, próximo.

— Olha, esse papo todo de "juntar seus poderes aos meus" é muito bonito, coisa e tal — cruzei os braços. — Infelizmente você chegou atrasado. Uns bons anos, talvez, quando as pessoas não caçavam mutantes e nos fazíam de ratos em seus experimentos. Nem mesmo os X-Men estão tão ativos hoje em dia. O que te faz pensar que eu vou concordar com você?


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Mensagem por Daniel Frost Ter Jul 09, 2019 7:42 pm



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A outra entendera tudo errado. Falei cura sobre o estado mental de Jonathan e não de sua mutação. Ela parecia firme em suas decisões, parecia ser uma mulher decidida e segura de si, o que para mim era algo muito bom em uma mutante. Merecíamos mais de nossa espécie como Morgana, pois a maioria era cegada pelo medo e o desespero. Levando-me para seu carro, entrei no mesmo e fui bombardeado por mais coisas que saíam dos lábios da mulher. Permaneci quieto até aquele momento, ouvindo-a bem e então suspirei antes de prosseguir.

— Olha, primeiramente eu quero curar Jonathan sim, mas não de sua mutação e sim de seus problemas mentais. Esse seu grupinho de apoio possui um telepata? Porque se tivesse nem haveria a necessidade desse seu clube, para início de conversa, nós podemos entrar nas mentes alheias e curá-las em segundos. Anos de terapia em minutos. — Comentei, dando de ombros e sorrindo. Não queria pressioná-la, muito menos obrigá-la a nada; ela era uma boa pessoa, lá no fundo, só precisava deixar o orgulho de lado e a arrogância intelectual. — Não pretendo tentar dissuadir você a nada, mas pense bem: os X-Men não são ativos hoje em dia em frente as câmeras, mas eles são bastante ativos por debaixo dos panos, assim como o meu grupo. Você pode julgar os grupos de mutantes, mas pare para pensar: quantos X-Men e membros do Círculo Interno foram presos pelo governo? Zero, nenhum. Juntos somos mais fortes e se você fosse mesmo inteligente levaria Jonathan para qualquer um desses dois grupos.

Assenti para a mesma, puxando um cartão do bolso e entregando-o à ela, saindo do carro. Já havia acabado por aqui. Ela iria se unir ao Círculo Interno, com toda a certeza. Caso se unisse aos outros perdedores lá, não ligo; poderia fazê-la se juntar a nós, não era nenhuma novidade um X-Man se unir ao Clube do Inferno.

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Mensagem por Morganna Ravenstorm Qua Jul 10, 2019 7:06 am

Here comes the STORM


Meu chão desabou quando Daniel revelou as atividades ocultas dos X-Men. Por muitos anos, eles eram a esperança da população mutante. Aqueles que não só nos defendiam, mas nos representavam. Eram o alento de toda criança diferente da periferia.

Eu era uma delas.

Sabia que Frost me colocaria numa encruzilhada, mas não em uma tão complicada de se decidir. O Clube do Inferno também tinha sua fama, mas era o oposto do X-Men. Eles buscavam sim o reconhecimento dos mutantes entre os humanos, mas tinham seus próprios ideais. Algo bastante perigoso nos dias de hoje.

Peguei o cartão e analisei a logomarca do Hellfire. Escolher entre a ordem e o caos. A elite e a maioria. Não pera algo para ser decidido rapidamente, mas eu não descartaria essa possibilidade.

Me despedi de Daniel e entrei no carro, ligando o motor e saindo com certa pressa para o Queens, não podia me atrasar para o turno da noite no hospital.

***FIM***




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