A play of fate

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Faziam-se anos desde que eu havia crescido. Eu não era mais a criança inocente e intimidada pelo próprio pai, eu havia mudado tanto, não era? Se ao menos minha doce e covarde mãe me visse hoje em dia, ela ficaria orgulhosa? Provavelmente. Ela havia abandonado minha irmã e eu, por causa disso ela havia sido morta e eu fui para as ruas. Perdi meus amigos, minha identidade e minha inocência. Tornei-me o que sou hoje com esmero, lapidação e pressão, mas a que preço? Eu era um diamante polido e valioso agora. Enquanto via minhas vestes brancas em frente ao espelho, algumas lágrimas escorriam por minha face. Enxuguei-as com meu rosto franzido numa clara expressão de ódio. Como nossos pais podem ser os nossos piores inimigos?

Todos os dias, exatamente às quatro horas da tarde, eu me encontrava com meu melhor amigo, Chris Rockwood. Éramos unidos, grandes parceiros que viviam para conversar sobre revistas em quadrinhos, garotos, programas de TV ficcionais e filmes. Perdi o contato com ele após sair de casa, e nesse meio tempo pensei que não deveria procurá-lo mais. Amizades de infância não são duradouras, não é? Elas passam e se tornam apenas fotos antigas e cinzentas num álbum de família velho no fundo de um baú. Chegando ao Central Park, fui até a árvore na qual vivíamos nos balançando naquela época. Eram tempos felizes aqueles, onde a minha inocência ainda era imaculada. Entretanto, encontrei um rosto familiar à minha espera.

Era ele, Christopher.

— Chris? — perguntei um pouco desconfiado, indo até o moreno e abraçando-o com força. Era ele, podia sentir isso – nem precisava dos meus poderes para confirmar, podia reconhecê-lo a quilômetros de distância. Por um segundo, era como se fôssemos crianças de novo.

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Christopher havia crescido, mudado e se tornado um belo homem. Ainda havia o mesmo olhar curioso e doce de quando éramos crianças, mas algo fundamental havia se transformado dentro dele. Não sabia o que era, e evitei entrar na sua mente e vasculhar o que era. Eu não estava do mesmo jeito que antes também, pois eu havia me transformado em algo novo também – e eu duvido que minha transformação tenha sido a das melhores. Memórias de infância pipocavam, dentre elas as do fliperama, onde passávamos nossas férias inteiras apenas jogando. Lembro-me perfeitamente de como eu sempre perdia, como eu amava jogar com o Vega no Street Fighter – em parte por ter crush nele –, ou com o Ryu e o Ken. Posso afirmar com toda a certeza de que Bison foi a minha primeira motivação para gostar de sugar daddy.

Sentia o aperto em minha nuca, a carícia suave de Christopher e seus olhos meigos e gentis depositando todo o seu sentimento em mim. Havia nostalgia nele, carinho e afeição. Por isso eu seria eternamente grato ao meu amigo – ele conseguia ser gentil comigo, coisa que mais ninguém era. Ele ainda conseguiria ser meu amigo depois que descobrisse o monstro no qual me tornei?

— Eu vou bem. Como você está igual a antes! Nem parece que envelheceu! — comentei, apertando suas bochechas ao ver suas covinhas fofas. — O que fez nesses últimos anos? Sinto muito por termos perdido o contato. — Pus as mãos em seus ombros.

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Ele havia retornado recentemente à Nova Iorque, pelo o que pude saber por seus pensamentos superficiais e pelo o que ele havia me falado. Tentei não entrar na sua mente, mas ele estava tão focado em mim e revivia tantas memórias do passado que era impossível não ser puxado para seu antro de nostalgia como um metal e um ímã. Sorri, verdadeiramente feliz em muito, muito tempo. Era divertido estar com ele de novo. O selinho foi algo pleno, preencheu meu espírito de alegria e trouxe de volta as memórias do passado. Fazíamos aquilo tanto e com tanta frequência. Agora, mesmo depois de tantos anos, ainda parecia certo beijá-lo.

— Eu era casado, mas sou viúvo no momento. Estou namorando no momento, e você? E onde esteve morando por todo esse tempo? Eu estive aqui mesmo em Nova Iorque. — Comentei, já me sentando ao seu lado e sorrindo para o mesmo me recostando ao que sobrara da árvore favorita de nós dois. — Eu senti muito a sua falta.

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