to my recruit: i want you

Cordelia já estava solta havia algum tempo, se adaptando ao mundo que para ela parecia ter saído direto dos filmes e livros que assistia enquanto vivia na casa que acreditava lhe proteger dos perigos das doenças que haviam do lado de fora. A modernidade lhe assustara a princípio mas com o passar do tempo começou a se acostumar melhor, ainda que fosse bastante fácil se surpreender com as coisas que encontrava.

As facilidades daquela vida normal pareciam como mágica!

Parada ali no corredor do mercado, pensava a respeito de qual dos produtos iria levar e uma vez que passara anos comendo as mesmas coisas, queria simplesmente levar tudo o que poderia e se entupir de comida até não poder mais. E claramente enquanto assistia Netflix, porque de tudo o que havia no mundo, nem mesmo o fato de existirem outros como ela a deixava mais fascinada do que ter uma lista imensa de filmes sem precisar ter mil fitas vhs em casa.

Foi quando o som de algo caindo mais a frente lhe chamou atenção e se virou, vendo dois homens mascarados e armados rendendo a caixa.
Franziu o cenho, claramente incomodada com aquilo e acima de tudo, com o fato de que estavam atrapalhando o seu dia e não gostava quando as coisas saiam do que havia planejado.

Moveu-se com cuidado e de suas mãos era possível ver a característica fumaça que sobe quando algo está frio demais e devagar mas sem parar, o gelo começa a circular como se movido por uma corrente que rodeia a sua mão.

Erguendo ambas as mãos, lançou delas duas estacas de gelo que voaram cada uma da direção dos homens, atravessando o ombro de um e a barriga de outro. Ouviu a caixa gritar assustada com aquilo e se virou para correr.

Só não esperava esbarrar em alguém ali e parou, a face pálida de quem acreditava estar encrencada.

Para sua surpresa o homem que estava ali se revelou um mutante tal qual ela, criando ao redor da cabeça dos asdssaltantes uma esfera que pouco a pouco foi diminuindo de tamanho até simplesmente explodir ambas as cabeças. Cordelia não desviou o olhar quando isso aconteceu e nem expressou uma reação de repúdio, nojo ou qualquer uma que fosse negativa e condenasse o ato.

Muito pelo contrário.

- Tem razão... – respirou fundo – para evitar problemas o melhor é acabar com eles antes – respondeu calmamente, afinal via a lógica nas palavras daquele homem, mas sua surpresa maior foi ver a total ingratidão da atendente que agora blasfemava contra ambos. Um sorriso de canto apareceu quando o homem destruiu o celular da mulher e ouviu as palavras dele, o fitando enquanto isso antes de tornar a olhar para a mulher.

A palavra “aberração” ainda rodava em sua mente em um loop, fazendo com que o sangue em suas veias queimasse em uma contrapartida quase engraçada com seu poder.

- Você não merece salvação – falou, a voz sempre contendo um toque doce a despeito do que saia de seus lábios. Uma bola de gelo do tamanho de uma bola de baseball se formou na mão livre – a outra repousava na mão do homem em uma clara aceitação para saírem dali – e a arremessou em direção a mulher – Pensa rápido! – riu, vendo a atendente segurar a bola com ambas as mãos e gritar de dor frente a queimadura causada devido a temperatura baixíssima do gelo.

Estalando os dedos, Cordelia fez com que a bola se desmanchasse e como se nada houvesse acontecido, saiu calmamente andando dali junto ao homem.

- Por que eles não conseguem ser agradecidos? Ela prefere estar morta do que ser salva por um mutante??