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Meu coração é feito de partes de tudo que me cerca.

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Mensagem por Dimitri Pavlov Dom Jul 14, 2019 6:09 pm


E é por isso que o diabo não pode ficar ao meu redor


Algumas pessoas o olham conforme adentram o bar. A estrutura é simplória e, por fora, aparenta ser bem pequena – afinal, quantas pessoas arriscariam a vida para frequentarem um ambiente que se localiza em uma região perigosa? Por isso não há motivo para ser um lugar enorme.

Solta um suspiro pesado e abraça o próprio corpo, que está coberto apenas por uma longa camisa com manga cinza de algodão. As pernas estão um pouco trêmulas, visto que utiliza apenas uma calça jeans e um par de All Star.

Tosse e rapidamente leva a mão até a própria boca, na tentativa de reduzir o som emitido por tal ato. Está adoecendo. Consegue perceber isso por causa do suor frio que escorre por sua testa.

Precisa, rapidamente, de remédios e vestimentas mais quentes. E, é claro, de um lar. Às vezes, durante a noite, se pega em pensamentos distantes, questionando-se o porquê de não ter lutado contra seus demônios. Fugir realmente foi mais fácil? Fugir realmente foi a decisão certa? Será que ter escapado foi a melhor escolha? Por que não ficou e aceitou a vida que lhe foi imposta? Uma vivência repleta de castigos físicos e mentais, de torturas que quase o deixaram louco.

Uma vida repleta de mentiras e traições. Mas era uma vida a qual estava acostumado.

Caminha lentamente em direção ao interior do bar – que, para a sua sorte, não possui qualquer segurança – e solta um suspiro de alívio ao sentir o calor tomar conta de seu corpo. Aproxima-se lentamente do balcão e senta-se em uma alta cadeira de madeira. Não consegue deixar de virar a cabeça para observar o ambiente.

Paredes de madeira, pisos com o mesmo material anteriormente citado, luzes fracas, bancos de couro, mesas pintadas de preto e algumas atendentes zanzando pelo o ambiente. Há uma TV de pouca qualidade presa no centro do estabelecimento passando algum jogo. Deve ser de futebol americano. Inclina a cabeça lentamente e observa a tela do aparelho eletrônico. Há o som de conversas pelo interior do local, contudo, repentinamente, gritos se espalham.

Vira o rosto em direção ao espaço banhado pelo caos e vê dois homens começarem uma briga.

Franze o cenho, confuso, no entanto, seus pensamentos são atrapalhados quando escuta uma voz. – O que o senhor deseja? – Gira a cabeça para o balcão novamente e vê um homem idoso diante si. – Qualquer bebida quente... Por favor. – Após findar sua frase, a tosse surge novamente.

MONTY
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Mensagem por Camille Schmidt Dom Jul 14, 2019 7:55 pm



I'm talkin' to ya See you standing over there with your body Feeling like I wanna rock with your body And we don't gotta think 'bout nothin' ('Bout nothin') to you?
Deals with the devil

Não era muito comum que um sujeito como eu, nascido e criado no Brooklyn, resolvesse se aventurar pelas perigosas bandas do Bronx. Era um bairro consideravelmente violento, com gangues de todo o tipo e confusão praticamente toda semana.

A sorte que eu tinha, se é que isso era algo positivo, era o fato de ser mecânico e, naquelas redondezas, muitos motoqueiros me conhecerem e sempre estarem dispostos a trocarem favores por meus serviços.

O bar do Freddie era um dos que mais borbulhava com a presença dos valentões vestidos com couro dos pés à cabeça.

Eu observava a cada movimento do local nos fundos do estabelecimento, com um copo alto de cerveja na minha frente.

Quando a porta se abre e praticamente todos olham para o recém-chegado, me limito a erguer uma sobrancelha. Menor de idade. Não deveria estar ali. Ninguém parecia disposto a ajudar. Freddie estava na cozinha, as garçonetes mal olhavam para ele.

Ah, se me pagassem por cada gesto de bondade. Com toda a certeza estaria rico e bem longe desse buraco sujo e preconceituoso que chamam de EUA.

— Eu pago, George — acenei para o rapaz negro que encarava o menino com desconfiança. — Um chá quente com aspirina.

Ignorei solemente a briga ao lado dos apostadores que esbravejam sobre um time de futebol ser melhor que o outro. Elijah havia me ensinado a ser mais gentil com as pessoas, mesmo que eu tivesse vontade de parti-las ao meio simplesmente por respirar.

Ordens são ordens.

— Não deveria estar em casa, garoto? — peguei a caneca de chá de George e coloquei o comprimido na bebida quente. — Ninguém aqui gosta de menores nesse tipo de lugar. Eu pessoalmente ligo o foda-se, mas você não me parece tão saudável para bancar o valentão. Como se chama?

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Mensagem por Dimitri Pavlov Dom Jul 14, 2019 10:29 pm


E é por isso que o diabo não pode ficar ao meu redor


Ergue a cabeça e franze o cenho ao ver os olhos do atendente, analisando-o de maneira estranha... Desconfiada, até. – O que foi? – Solta um suspiro pesado e semicerra as próprias pálpebras, encarando o idoso.

O conflito não começa graças a um homem desconhecido. Vira sua cabeça em direção ao mesmo, examinando-o dos pés a cabeça, no entanto, consegue ser breve para que seu gesto seja visível. – Viu? Ele paga. Pode ser o que ele pediu. – Dá de ombros e solta um suspiro pesado. A tosse volta mais uma vez e um rosnado baixo escapa de seus lábios. – Que sorte a minha em ver como os estrangeiros conseguem o grande sonho americano. – O deboche se faz claro na frase do jovem.

A caneca chega rapidamente. Escuta as perguntas atentamente, mas não as responde. Não ainda. Estica as mãos e toma o objeto que abriga o líquido quente. Leva o recipiente para perto de seus lábios e sopra por alguns segundos, bebericando o chá quente. Deposita o copo no balcão, próximo de seu braço direito, e então vira o rosto em direção ao maior.

Ele é bonito, isso não pode negar. Cabelos e olhos castanhos, forte, meio bronzeado. Desvia os olhos por alguns instantes, mas respira fundo, reunindo coragem para dialogar sem parecer um mentiroso.

Esse é mais um truque de sua língua de prata.

– Sim, deveria estar em casa. – Responde. – E realmente, não estou muito bem de saúde. De qualquer forma, obrigado pela preocupação. – Bebe mais um gole do chá e volta a deixá-lo perto de si. – Sou Edgar. Pode me chamar de Eddie. – Apresenta-se de maneira educada e leva a mão direita para a frente, oferecendo tal gesto como forma de cumprimento. – E qual o seu nome? – Questiona, demonstrando certa curiosidade.

Não disse quem realmente é, pois ainda é muito perigoso. New York é uma cidade grande e, ok... Pode ser ótima pra esconder, contudo, nunca se sabe quem é seu amigo ou inimigo. Por que confiar de primeira num cara que já vai lhe dando um chá quente e aspirina?

– Hm... Eu sei que estamos só começando a conversar, mas quero deixar bem claro que eu não sou garoto de programa. E mesmo se fosse, eu estou doente. – Arqueia a sobrancelha esquerda e delicia-se com um pouco do líquido quente. – Mas eu posso te pagar. Só preciso receber uma grana que estão me devendo. – O sorriso forçado de Dimitri é bem convincente.

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Mensagem por Camille Schmidt Seg Jul 15, 2019 9:05 pm



I'm talkin' to ya See you standing over there with your body Feeling like I wanna rock with your body And we don't gotta think 'bout nothin' ('Bout nothin') to you?
Deals with the devil

Ou aquele cara realmente me achava um otário, ou estava acostumado a mentir compulsivamente desde cedo. Seu retrato falado estava em alguns dos jornais da cidade, apesar de ninguém até agora conseguir identifica-lo.

Além disso, no mês passado, Charlie, um mutante com poderes clarividentes - meu vizinho, por sinal - havia comentado algo sobre uma visita inesperada em meu destino.

Alguém que não era bem quem aparentava ser. Alguém com duas iniciais estranhas. Graças aos céus minha memória era boa o suficiente para recordar disso.

— Meu nome é Vincent — tirei um papel amassado do bolso com a caligrafia de Charlie e as letras D.P. rabiscadas e coloquei na frente do rapaz. Minha mão ficou azul e áspera conforme as escamas tomaram conta dos dedos. — E é só isso que você precisa saber, "Eddie". Não me interesso por garotos de programa, acho um desperdício de oportunidade, se quer saber.

George surgiu com um refil para meu copo alto de cerveja. Acenei positivamente para ele, sorrindo ao reparar que o barman deixava suas orelhas élficas expostas mais uma vez.

— Sabe, aqui é um dos poucos bares em Nova York que os mutantes podem circular sem medo — comentei, retraindo as escamas e fazendo a mão voltar ao normal. — Sem precisar mentir ou se esconder. Deveria fazer o mesmo.

traço:

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Mensagem por Dimitri Pavlov Ter Jul 16, 2019 12:17 am


E é por isso que o diabo não pode ficar ao meu redor


– Que nome adorável. – Outro sorriso falso. Pouco se importa com toda a situação. – Hm? – Franze o cenho, confuso, e o analisa brevemente, fazendo com que as írises azuladas repousem no papel que está diante si – e... Espere! Ele é um mutante. O garoto que já está pálido fica mais branco ainda. Engole seco e nada diz. Não no início. A resposta é formulada rapidamente em sua cabeça.

– É... Eu realmente não tenho sorte. – Semicerra as pálpebras e analisa a estrutura que foi modificada pelo mutante diante si. Escuta-o atentamente e revira os olhos.

– Fui pego no pulo. Que lástima. – Leva o chá para perto de seus lábios e o beberica. – Você me descobriu. Dimitri Pavlov. – Dá de ombros e leva a mão direita para a frente, cumprimentando-o – de forma meio forçada, pois pressiona a mão de Vincent sem o consentimento do mesmo. O sotaque russo fica mais claro na última frase articulada, pois o rapaz resolve se soltar.

– Que adorável. Um refúgio pra mutantes preocupados. Aqui é um ótimo lugar, afinal, quem vai visitar um barzinho no gueto? – O sorriso cínico se faz presente nos lábios do jovem. – E eu sei quando eu posso mentir ou contar a verdade. Sei muito bem me cuidar. Acha que um chá quente e aspirina te dão o direito de agir como se fosse meu – As palavras se perdem no ar, dando espaço para uma breve sessão de tosses. – pai! – Complemente em tom irritadiço após se recompor.

Pega o recipiente que está próximo e o observa. O chá acabou. Chama o amigo de Vincent e então franze o cenho ao ver suas orelhas. – Jesus. Ér... Mais chá. E é ele quem vai pagar, tá? – Indica o outro com a cabeça.

Após o negro se afastar, arruma sua posição na cadeira e então foca sua atenção no maior. – Bem, vamos resolver um pequeno probleminha que você acaba de criar. – Ergue a sobrancelha momentaneamente e inclina o seu corpo esguio e pálido para perto do homem malhado. – Quem te deu este papel e como descobriu o meu nome? Não me faça escolher o pior caminho para ser respondido.

De maneira tranquila, faz um gesto com a cabeça, indicando o copo que está entre a mão dele – e em questões de segundo, a estrutura de vidro começa a rachar vagarosamente. – Imagina fazer isso com a cabeça de alguém? Acho que posso começar pelos briguentos ali no canto. – Ri baixinho. – O único desprazer será a presença da polícia, que terá que aparecer por aqui, caso ocorra um homicídio. Imagine se o bar fecha e todos estes mutantes acabam sendo presos?

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Mensagem por Camille Schmidt Qua Jul 17, 2019 12:20 pm



I'm talkin' to ya See you standing over there with your body Feeling like I wanna rock with your body And we don't gotta think 'bout nothin' ('Bout nothin') to you?
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Percebi o quão inútil era convencer com palavras aquela criança. Provavelmente vinha de algum lugar isolado do mundo, onde regras básicas como harmonia, convivência e resistência frente ao caos eram inexistentes.

Segurei uma risada com suas ameaças. Ele tentaria mesmo causar uma confusão em um bar cheio de mutantes? Alguns que, como eu, bastavam um simples gesto para que ele fosse partido ao meio e nem mesmo seus amigos mais próximos saberiam onde seu corpo estava? Pobre coitado. Estava mesmo confuso, além de resfriado.

— Olha, estou querendo ser amigável contigo — revirei os olhos. — Não importa quem me deu o papel ou como sei que você está mentido, apesar de achar que você faz isso a tanto tempo que nem sabe mais o que é verdade ou não.

Fiz um largo gesto para os frequentadores do bar. Todos ali estavam concentrados em seus afazeres. A briga havia sido apartada por uma garçonete que sibilava de raiva por estragarem a mesa que ela teve tanto trabalho para limpar. Tudo ali seguia um fluxo razoavelmente pacífico.

— Vá em frente, ataque, cause sua confusão — ergui uma sobrancelha, desafiando-o. — Só não garanto que sairá vivo se machucar alguém aqui. Sabe, garoto. Você é jovem, impulsivo e claramente cheio de amargor. O que alguns enxergam como desperdício, eu vejo talento bruto. Porque não foca esse energia toda para algo mais concreto? Tipo fazer justiça com as próprias mãos, no lugar de ferir pessoas aleatoriamente. Existem muitas pessoas interessadas em mutantes como você.

Acenei para George e pedi uma porção de anéis de cebola fritos. Ofereci alguns para o rapaz, cujo nome eu realmente ainda não sabia, apesar de ter conhecimento de suas iniciais. Nele, eu conseguia me enxergar uns dez anos mias jovem. Quando o mundo insistia em me deixar de lado, usando termos como aberração e monstro. A mesma raiva que guardei durante tanto tempo era a que o garoto provavelmente sentia. Pária do mundo. Afastado de qualquer traço de bondade e caridade. Praticamente uma bomba relógio se não fosse guiado para o caminho certo, seja ele qual fosse.

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Mensagem por Dimitri Pavlov Qui Jul 18, 2019 4:15 pm


E é por isso que o diabo não pode ficar ao meu redor


Semicerra as pálpebras. O olhar que está sobre o desconhecido é penetrante e, se pudesse, transformaria o mesmo em pó ali mesmo. – Se eu quisesse ser seu amigo, teria pedido. Não te conheço. E sim, a pessoa que te deu o papel tem muita importância. – Passa a língua entre os lábios, umedecendo-os. Leva o copo com bebida quente para perto de seus lábios e beberica mais um pouco.

Já está melhorando, consegue sentir a garganta doer menos e a respiração melhorar. – E eu minto mesmo. Por que se importa? Você não é meu amigo, não tem que ficar aqui, cuidando da minha vida. – Arqueia a sobrancelha e volta o olhar para o copo novamente, sorrindo, satisfeito, ao vê-lo rachado.

As palavras são escutadas por Dimitri, que se mantém calado. – Vocês, adultos, são chatos. E não sou impossível, eu sou – – O copo que o outro estava utilizando até agora a pouco, se quebra. Os cacos ficam espalhados no balcão. Analisa-os brevemente e logo sobe com os olhos para a face de Vincent. – Na próxima, eu enfio esses cacos na sua mão. Vou rasgar a sua pele e fazer a carne escorrer até o chão. – – Um sorriso frio surge em seus lábios.

Assim que os anéis de cebola cheguem, a expressão de Pavlov suaviza. – Esquece a ameaça. Eu quero. – – Pega uma pequena quantia, abrigando-a em sua mão direita, e então come, em seguida. Mastiga com a boca fechada, no entanto, é possível ver o quão está faminto graças a velocidade com qual se alimenta. – Me dá uma batata, Vincent. – – A voz do garoto possui certa autoridade. O rosto do menor é banhado por certa inocência, que dura apenas alguns segundos.

– Com cheddar e bacon. – – Complementa.

– De qualquer forma, por que toda essa vontade em me ajudar? Como já disse, não sou garoto de programa. Não tenho qualquer utilidade. – – Dá de ombros.

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Mensagem por Camille Schmidt Qui Jul 18, 2019 4:43 pm



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Deals with the devil

Reconheci alguns sinais de melhora da condição de Dmitri. Eu não era médico ou coisa do tipo, mas sabia diferenciar uma pessoa pálida e fraca de alguém mais disposto a falar sem tossir por meia hora. Ergui a sobrancelha com a repentina mudança de humor diante da comida.

Quanto tempo aquele garoto passou sem se alimentar direito? Cebola e batatas não eram componentes de uma refeição decente, ainda mais para alguém como ele, que nem adulto era. o barman anotou o pedido do rapaz e trocamos alguns olhares. Ele me devia umas boas apostas, então sabíamos que aquele pedido ficaria por conta da casa.

— Entendo que você não deve ter a melhor impressão do mundo adulto — torci os lábios em sinal de descontentamento. Para alguém tão jovem, levar tanta raiva da sociedade devia o destruir por dentro —, ou do mundo no geral. Não quero que pense assim. Algumas pessoas não prestam, de fato. Outras, no entanto, estão dispostas a ajudar, sem cobrar nada.

Não tive uma infância tão iluminada e cheia de regalias como muitos dos que passaram por minha vida, mas eu sabia reconhecer o que era essencial para mim e para os demais.

Meus pais, humanos, faziam parte da escória da sociedade que abominava os mutantes, fingindo que eu não pertencia à linhagem sanguínea deles. Nunca levantei a mão para nenhum dos dois, pois sabia que aquela não era a solução. Ao menos não ainda.

— Entenda, minorias como nós, mutantes afastados da sociedade, precisam se unir — empurrei gentilmente o prato com batatas na direção do rapaz, ajudando George a limpar os cacos de vidro da bancada. — Vencer obstáculos juntos, sempre olhando para o companheiro do lado. Os humanos nos temem quando estamos juntos. Não suportam ver nosso triunfo. Não quer dar o troco neles? Ver cada um ser pisoteado como uma barata?

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Mensagem por Dimitri Pavlov Dom Jul 28, 2019 3:55 am


E é por isso que o diabo não pode ficar ao meu redor

Bufa e somente revira os olhos.

O mundo é cruel. Não pode confiar em ninguém. As lembranças de seu passado atingem sua mente de súbito. Traição atrás de traição. As pessoas, independente de serem mutantes ou humanas, anseiam por poder. Por que o rapaz diante si seria diferente? Trata-se apenas de um conto de fadas que serem cruéis amam espalhar para conquistar a confiança de pessoas inocentes.

Felizmente, Dimitri não faz parte deste grupo há tanto tempo. Sua infância foi violada desde sua gênese. Sua infância foi destruída e transformada em poeira. Do pó ela veio e do pó ela retornou. Tal fase foi suprimida de maneira tão brusca, que as atitudes do jovem mutante parecem ser demasiadamente infantis e impulsivas em certos casos.

É seu inconsciente gritando para ser mimado e amado.

– Você mente. Você é como eles. – Um sorriso frio e cínico aparece nos lábios de Dimitri.

A batata chega e então pega uma porção considerável, segurando-as entre os dedos de sua mão direita. Enche sua boca com o alimento e mastiga, apreciando o sabor do alimento – que lhe causa arrepios. As pálpebras se fecham por alguns instantes e um gemido de prazer sai dos lábios do menino. Há quanto tempo não come de maneira decente?

Ri baixinho e passa a língua entre os próprios lábios após ouvir o discurso do mais velho. – Você quer vingança. Eu procuro por algo maior – Sorri de maneira matreira. Seus planos são desconhecidos, as ideias ficam em seu inconsciente e faz questão de mantê-las em segredo para que ninguém descubra. – Vingança é um dos meus desejos, não posso negar. No entanto, como eu disse, quero algo maior. – Passa a língua entre os próprios lábios, limpando os resquícios de alimento que há ali.

– Os humanos não dotados de poderes merecem saber que somos mais fortes, mas não adianta sair atacando eles por aí. – Dá de ombros e logo volta sua atenção para o maior. – Mas quem disse que eu não posso sair agredindo mutantes por aí? – Arqueia a sobrancelha direita. O sorriso esnobe e frígido se faz presente na fisionomia de Dimitri.

– Eu não quero aliados. Não confio em vocês, humanos e mutantes. Todos mentem. Adultos mentem. Adultos sempre querem algo. Adultos sempre possuem segunda intenção. Você é um exemplo disso. Quer vingança, quer mostrar o quão superior é. – Pega mais uma batata e a mastiga lentamente. Inclina a cabeça lentamente e analisa-o dos pés a cabeça.

– Eu agradeço pela a comida e eu preciso de sua ajuda somente nisso. Nada mais, nada menos. – Dá de ombros. – Mais alguma coisa que deseja falar?

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Dimitri Pavlov
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