O mundo gira, outro dia, outro drama.

As mãos são levadas até a frente, abrindo a porta do ambiente quente e agradável. Uma tosse baixa escapa de seus lábios e, de súbito, aparece uma bela atendente. Lábios bem avermelhados, fios loiros e írises azuladas. – Boa noite, senhor... – O olhar da mesma possui certo desprezo, principalmente após fazer uma breve observação em Dimitri. – Precisa de alguma coisa?

O jovem passa a língua entre os lábios, na tentativa de umedecê-los, mas é algo em vão, visto que não se hidrata e não se alimenta bem faz alguns dias. Digamos que acabou se tornando em um ladrão – e dos bons, graças ao seu poder.

– Quero ver aquela blusa de frio ali. – Aponta para um manequim que está em uma das extremidades, vestido com um enorme casaco de couro que poderia mantê-lo quente. – Tá bom, pode me seguir. – E assim é feito. Enquanto o trajeto é realizado, Pavlov examina o ambiente, contando a quantidade de câmeras existentes. São quatro. Uma em cada extremidade.

Solta um suspiro pesado e faz um gesto com a cabeça. – Perfeito! Posso experimentar? Sou novo no país, não achei que seria tão frio! – Solta uma risada divertida, no entanto, percebe que isso não convence a mulher. Solta um suspiro pesado e revira os olhos.

– Quer saber, já chega. – Faz um gesto ligeiro com a mão direita, arremessando-a para trás e, por isso, a atendente acaba caindo em cima de uma estrutura de vidro onde havia uma quantidade massiva de vestes caras. Os cacos do antigo móvel caríssimo se espalham pelo chão. Obviamente, as outras funcionárias ficam atentas.

Anda rapidamente em direção ao balcão de pagamento e, no momento em que a mulher está pronta para chamar a polícia, Dimitri usa uma rajada psíquica para derrubá-la. – Nem ouse. – Adentra a pequena estrutura que é a seção responsável pelos pagamentos e olha a moçoila deitada no chão. – Fique deitada. – O timbre é seco e frígido, transpassando o quão sério está falando.

Ergue a cabeça e fecha as portas da loja. Há alguns clientes espantados e já ajoelhados, assim como funcionárias do estabelecimento. Olha para as câmeras e as faz explodir, uma por uma. – Não quero o dinheiro de vocês, não se preocupem. – E então foca sua atenção no pequeno cofre metálico abaixo do balcão. – Abra isso. Agora.

Os olhos pousam num ruivo qualquer. Franze o cenho, confuso, e o encara com certo desprezo logo a seguir. Ele é um mutante.

– Não precisa ser assim, mas eu quero assim. – Um sorriso malicioso aparece nos lábios de Dimitri. Abaixa a cabeça rapidamente e vê a moça abrir a gaveta. – Vou pegar o dinheiro e dar o fora, então – Estica a mão direita, usando de sua telecinese para fazê-lo se ajoelhar. – fica quietinho aí ou eu corto a sua garganta com um cabide. Vai ser uma bosta de morte! – Lança uma piscadela.

– Vamos, sua vaca estúpida! É só colocar o dinheiro aí dentro! – Dá um tapa na cabeça da mulher, que acelera os movimentos para guardar o que o russo tanto deseja. O sotaque do jovem está acentuado, sendo perceptível as suas origens vindas da Rússia. – Vamos! Vamos! – A face se avermelha.

Um medo súbito toma conta do menino. Ergue a cabeça, olhando para os vidros que rodeiam a loja. As pessoas começam a parar na parte externa, algumas franzem o cenho e olham para o interior do estabelecimento. – Porra, porra, porra... – Os traços faciais se transformam em medo. – Foda-se, sua puta! – E com um gesto da mão, arremessa a mulher com força para trás.

Um som alto se espalha pelo a loja graças ao choque da cabeça da mesma contra a parede. A sua vítima está inconsciente, tendo um leve corte no braço direito. Franze o cenho, confuso, mas logo bufa e dá de ombros. – Foda-se esse dinheiro. – Sai de trás do balcão rapidamente e ele a mão direita até a frente.

Os orbes claros focam nas vidraças que, aos poucos, começam a rachar. As pessoas que estão do lado de fora ficam boquiabertas e, lentamente, se afastam da estrutura de vidro.

As pessoas começam a se acumular contra o vidro. Dimitri fica cada vez mais irritado. Sente-se dentro de uma gaiola, a claustrofobia acelera e a respiração acelera de maneira exagerada. Os orbes se reviram por breves instantes e o garoto anda para trás, encostando as próprias costas contra o balcão. Respire, Dimitri. As pálpebras se fecham por alguns instantes e as mãos tocam a estrutura de madeira, pressionando-a com um pouco de força.

Graças a telecinese, ela se quebra e, de súbito, sente dedos tocando em seus braços e puxando-o para fora. Os gritos de desespero tomam conta de sua audição e, em seguida, abre os olhos, franzindo o cenho.

Onde estão os telespectadores?

Grunhe e então vira o rosto para o seu oponente. Os fios ruivos realçam a face clara e bela. Ele é bonito, isso não pode negar, mas ficaria mais bonito ainda se tivesse algum ferimento bem no meio de seu rosto. – EU. NÃO. PRECISO. DE. AUTOCONTROLE! – O grito faz com que algumas estruturas metálicas localizadas no ambiente se entortem. Os punhos do russo estão fechado, o sotaque está acentuado graças a ira que o consome.

– Quem você pensa que é pra vir e me atrapalhar? Você viu o que você fez? – Trinca o maxilar e caminha até a beirada do telhado. As írises azuladas analisam a quantidade de pessoas feridas que estão ali. – Você as machucou! Era para eu ter feito isso! Espero que saiba que vai levar culpa disso tudo! – Bufa e então gira sobre os calcanhares, podendo ter contato visual com o mesmo.

– E como pode me ajudar? O que você vai pedir em troca, hm? Vocês mentem!