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Mensagem por Eliel Sundfør Ter Jul 16, 2019 2:20 am


TW: Depressão e suicídio.

Estava passeando pelos portais de notícia da cidade quando me deparei com uma notícia no mínimo estranha: dez pessoas haviam se suicidado. Aparentemente, todas elas subiram em um prédio e se jogaram de lá de cima. Os vídeos eram veiculados inapropriadamente nas redes sociais, além dos jornais somente citarem aquilo. O que faziam dez pessoas terem a mesma ideia e coordenarem algo? Digo, depressão é um male constante, deixa as pessoas desgostosas da vida e perderem totalmente o apego pela vida, elas se isolam e podem até mesmo chegar a tirarem a sua própria vida, entretanto, aquele era um mal invisível e que dificilmente escapa para a superfície. Como que dez indivíduos decidiram tirarem as suas vidas juntos?

— Isso não lhe parece estranho? — perguntei enquanto entregava o celular para Ethan, que estava no meio do seu almoço. Eu odiava interrompê-lo, porém eu meio que já me acostumei a enchê-lo de perguntas. — Eu quero ir até o Queens investigar isso. Posso? — Mal esperei o ruivo terminar de ler e, já pegando o celular de volta, travei o mesmo e o enfiei no bolso.

— Não acha que pode ser só uma tragédia humana? Infelizmente, estamos em uma época onde a depressão se tornara algo comum, então suicídios não são necessariamente uma novidade. — Limpando os lábios, Ethan parecia disposto a me fazer esquecer daquilo, mas eu não conseguia ignorar.

— Mas é muito estranho suicídio coletivo, você não acha? Eu vou procurar por mais informações e, caso encontre, eu vou pesquisar melhor sobre. — Garanti a Ethan, recebendo um olhar de aprovação do ruivo telepata.

— Tudo bem, Eliel, mas tente não se apegar muito a esse caso. Às vezes as coisas são mais simples do que parecem. — Secretou o professor Grey, ainda tomando o seu café. Belisquei um cupcake do seu prato, comendo-o enquanto saía da cozinha apressadamente. Não podia negar que eu estava curioso para desvendar aquele mistério.

***

Em meu quarto, comecei a fazer uma ampla pesquisa para traçar algo em comum entre todas as dez vítimas. Eram muitas, então tentei começar pela simplicidade. Comecei a caçá-los nas redes sociais, anotando num bloco de notas todas as coincidências entre eles. Eles tinham idades semelhantes, gostos musicais muito próximos e, além disso, partilhavam do vício em animais fofos. Aparentemente, nada disso tinha algo a ver com os suicídios, pois eles sequer se conheciam pessoalmente, vide que não eram amigos e nem se seguiam. Entretanto, notei que eles tinham algo que os conectava: uma obsessão por um cantor: Kris Moon. Ele era dono de uma incrível voz e, ao ouvir uma de suas canções, logo retirei os fones de ouvido e os quebrei ao arremessa-los para longe.

— O que porra é isso? — murmurei para mim mesmo, vendo o rosto do rapaz estampado no vídeo enquanto ele tocava violão. Que tipo de frequência era aquela? Puxei o cabo do fone e, com o viva voz do computador, pude captar melhor ao diminuir a forte frequência aguda. Era como milhares de agulhas pinicando em minha pele, meu cérebro doía e eu não fazia ideia de como continuar ouvindo. Apertei o botão para pausar, correndo até Ethan. Eu havia descoberto o que havia causado os suicídios.

***

— Dependendo de como são enviadas as ondas sonoras, elas podem afetar um alvo de forma muito negativa. Você, apenas por enquanto, parece manipular as ondas sonoras e amplifica-las, transformando-as em ondas vibracionais poderosas, mas este cantor parece usá-la para afetar psiquicamente as suas vítimas. Ou seja; seu som é voltado para o físico e o dele, para o mental. Só queria saber o motivo dele fazer tantas pessoas se suicidarem. — Confirmou um dos mutantes mais inteligentes do instituto, o Hank, especialista em tudo relacionado a som e luz. Virando-me para Ethan, o mesmo apenas observava o vídeo pausado de Kris, parecendo decepcionado.

— O que faz uma pessoa causar esse tipo de dano psíquico em alguém? — resmungou ele, porém eu apenas dei meia volta e peguei duas espadas sai, já embainhando-as. — Uou, calma aí, não podemos sair por aí matando qualquer mutante malcriado, podemos convencê-lo.

— Não se preocupem, eu só vou usar isso em última instância. Quero conversar com ele e, se possível, trazê-lo para cá — comentei, já pegando o capacete de uma das muitas motos do instituto e montando na mesma, prestes a sair do laboratório/garagem. — Além do mais, quero saber como ele controla pessoas com a mente através do som.

Dando a partida, saí pelas ruas da cidade em busca do manipulador sonoro cujo poder foi capaz de ceifar dez vidas em meros segundos. Já tinha o seu endereço comigo, faltava apenas encontra-lo e descobrir sobre as suas motivações. Sua casa ficava no Queens, ele morava sozinho, tinha um gato e havia começado sua carreira como um mero cantor postando vídeos amadores no YouTube, porém, com o sucesso de seus fãs ele logo conseguiu um pequeno contrato para lançar um EP – para mim sua música era irritante, mas para qualquer um sem a audição aprimorada provavelmente suas canções deveriam ser encantadoras e hipnotizantes. Ele tinha um relacionamento com uma outra cantora, porém, nada mais era comentado em parte alguma no que se deu o namoro, e tudo o que veio depois foi a notícia de que seus fãs estavam ávidos por um novo EP ou quem sabe um disco, mas que ele sequer possuía uma gravadora mais.

O que poderia ter arruinado a carreira dele? Ele tinha um número até considerável de fãs e visualizações, mas comparando com a época de seu auge ao lançar seu EP, chamado de “Moon Kiss”, era uma quantia bem inferior. Talvez fosse esse o motivo de toda aquela onda de tristeza via música? Ódio por ter sido rejeitado pela sua gravadora e por não ter o reconhecimento que ele julgava merecer? Cheguei ao seu endereço e, automaticamente, enfiei os fones de ouvido e abafei todo o som ao meu redor. Eu podia senti-lo e vê-lo, então talvez não fosse assim tão complicado controla-lo. Já na portaria enfrentei problemas, vide que o porteiro era um senhor insuportável e ranzinza. Decidido, dei a volta e entrei pelos fundos, subindo as escadas de incêndio até o andar do rapaz.

Por dentro, o apartamento residencial tinha um papel de parede e tapetes em tons contrastantes de vermelho e salmão, além de portas iguais e números de um amarelo desbotado. Nem precisei me esforçar; de uma das portas vinha uma vibração sonora aguda e cortante, como finas e gélidas camadas de gelo chocando-se contra a minha pele. Os abafadores de som até mesmo tremiam em meus ouvidos e, batendo na porta, cessei a música – para o meu alívio. Fui atendido pelo Kris e, bem, ele era um rapaz aparentemente comum, com cabelo encaracolado e negro, bastante volumoso, além de estar usando casaco verde com listras pretas e calça, descalço e com um violão numa das mãos.

— Posso ajudar? — ele perguntou com a voz um pouco estranha, não sei se eram os meus abafadores, mas ele parecia estar chorando recentemente. Bati a mão na porta e a empurrei, fazendo-o recuar assustado e largar o violão no chão. Ele estendeu as mãos, caindo num pufe e fechando os olhos, parecendo com medo. — Por favor, não me mate, pode levar tudo! Eu não tenho um cofre, eu juro! — lamuriou ele, porém isso me fez estranhar. Por que ele não me atacou?

— Eu não vim aqui feri-lo, eu só quero entender o motivo de você ter feito aquilo. Pessoas morreram, Kris! — repreendendo-o, fiz ele finalmente me olhar e, parecendo confuso, ele acabou me deixando dividido. Ele não parecia estar mentindo. — Você é um mutante, tem poderes sonoros e conseguiu fazer dez pessoas cometerem o suicídio. Por isso eu estou aqui! Sou dos X-Men!

Ainda com uma clara expressão de confusão, o rapaz acabou ficando um pouco mais direito no seu pufe e, apoiando os braços nos joelhos, ele empalideceu ali mesmo. As lágrimas transbordaram, enquanto ele levava as mãos ao rosto, parecendo derrotado pelas suas próprias emoções. Pude me lembrar de como foi horrível quando usei meus poderes para matar pela primeira vez. Lembro-me de como foi divertido treinar destruindo copos, empurrando coisas com a força de mente e alterando frequências, mas quando me pediram para usar aquilo para matar, foi como se uma parte de mim tivesse morrido também.

— Eu não sabia, eu só achei que eu fosse talentoso! — gemeu o rapaz entre seu choro, fazendo-me ficar de joelhos e puxar seus pulsos, retirando as mãos de sua face.

— Olha, eu tenho poderes como os seus. Eu manipulo o som e, não, eu não componho canções nem nada do tipo, mas me escuta: você pode transformar isso em algo bom, entende? Eu já usei os meus poderes para matar, ferir, torturar... mas também já usei minhas habilidades para impedir pessoas de serem baleadas, para parar carros antes deles sofrerem acidentes... são inúmeras possibilidades, Kris. Você não pode continuar compondo essas músicas tristes e tão incisivas em causar depressão. — Comentei, enquanto soltava seus pulsos e o rapaz apenas se acalmava, apesar dele estar pior que antes.

— Minha namorada me largou, fui traído pela minha própria gravadora e agora devo quase quinhentos mil dólares! Eu não fiz nada de errado, ela me traiu e ficou com o meu agente! — ele berrou e, rolando os olhos, estapeei a sua face com força, causando-lhe um olhar espantado.

— Eu sei, isso tudo é difícil e é bom extravasar as nossas emoções em algo, mas seus poderes precisam ser controlados e você precisa vir comigo. Aceita? — estendi a mão, a qual ele aceitou. — Não precisa parar de cantar, só temos que ajustar como usar seus poderes sem induzir ninguém a fazer nada. Estamos certos? — sorri para o rapaz, consolando-o do melhor jeito que eu podia.

Pensei que ele era cruel, que Kris Moon um mutante amargurado e perverso que estava destruindo vidas propositalmente, mas no fim ele era assim como a maioria dos jovens que adentram os portões do instituto X: sem controle, indisciplinado e ávido por conhecimento. Espero que ele volte a usar seu poder para compor belas canções e, pelo menos, nos proporcionar uma linda arte.

Eliel Sundfør
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Mensagem por Powers Of X Ter Jul 16, 2019 5:27 pm

MISSÃO CONCLUÍDA

+100 de XP.

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