Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Terremoto

Ver o tópico anterior Ver o tópico seguinte Ir para baixo

Terremoto Empty Terremoto

Mensagem por Elijah Montgomery Sáb Jul 13, 2019 5:22 pm


glorious chaos

Seus lábios entraram em contato com a cerveja, enquanto lentamente Elijah sorvia da mesma, apreciando seu dia de folga. Ele havia saído bastante de casa recentemente, recrutando os mais diversos mutantes para a sua causa e, portanto, nesse dia ele merecia um pouco de descanso. Entretanto, ao ligar a TV, as notícias pipocam revelando que uma mutante causava problemas ao criar terremotos por todo o bairro do Bronx. Soerguendo uma sobrancelha, o líder da Irmandade pensou consigo mesmo sobre como seria proveitoso recrutar uma mutante capaz de tamanho estrago. Casas derrubadas em segundos e ruas destruídas eram aparentemente fáceis para a garota, que parecia perdida e incapaz de controlar os seus poderes. Pensando consigo mesmo, Elijah cogitou a possibilidade de encontra-la e recrutá-la. Ela poderia ser ajudada, caso ela conseguisse se controlar, poderia servir muito bem aos seus planos. Mas o problema era que isso era um grande “se”. Há mutantes incapazes de controlarem seus poderes e, segundo as notícias, ela era uma jovem garota de apenas quinze anos.

Saindo de sua poltrona confortável e terminando em um único gole a sua cerveja, Elijah pegou seu casaco e, vestindo-o enquanto já descia as escadas de sua casa, partiu rumo ao bairro do Bronx, conhecido por sua alta periculosidade e pobreza. Provavelmente, a garota deveria ter tido algum tipo de trauma muito grande capaz de fazê-la mergulhar todo o bairro em caos com seus poderes desestabilizados. Elijah sabia bem como era difícil enfrentar problemas pessoais, dilemas, puberdade, lidar com o preconceito e ainda conciliar tudo isso com os seus poderes. Era impossível.

Entrando em seu veículo, Elijah foi para o Bronx. Ele não esperava que pudesse encontrar a jovem que havia assassinado seus pais e fugido, entretanto ele podia encontra-la caso entendesse como a sua mente funcionasse. Com o sinal vermelho, ele pegou seu celular e caçou as notícias até encontrar o endereço da garota, cujo nome era Destiny. Em sua residência, ele poderia encontrar informações úteis, assim como dos vizinhos e qualquer pessoa próxima da garota. A primeira coisa descoberta foi que ela era adotada; ela foi pega pelos Hernandez a pouco mais de cinco meses, sendo eles tios distantes da menina – sua mãe havia morrido num trágico acidente e seu pai sequer era mencionado em sua certidão de nascimento. As ideias pipocaram na mente do mutante: que tipo de sofrimento fora infligido àquela garota para fazê-la destruir sua casa e seus pais adotivos? Eles não deveriam ser boas pessoas.

A rua da menina era do gueto, bastante esquisita, com asfalto esburacado e casas de madeira mofadas e úmidas pelas chuvas de inverno, cheias de chaminés mais velhas que o próprio Elijah. Crescer por aqui não deve ser muito bom, pensou consigo mesmo o moreno, identificando de longe o pico do primeiro terremoto: a casa de Destiny, com metade do teto desabado e uma trilha em linha reta até a rua de solo destruído e rachado. Ela havia fugido irritada para fazer aquilo. Com cada passo cuidadosamente feito, Elijah entrou na residência e rasgou as fitas amarelas da polícia, porém parou ao ouvir um “ei”.

— Você é da polícia? — perguntou uma menina negra chupando um pirulito e usando macacão, parecendo desconfiada e curiosa. “Perfeito! Crianças são fofoqueiras”, pensou Elijah ao negar com a cabeça.

— Não, sou um detetive contratado para encontrar Destiny. Tios distantes estão querendo adotá-la e estão muitíssimo preocupados. Você sabe de algum lugar para onde ela poderia ter ido? — questionou o lorde, ainda na varanda cujo teto se encontrava na calçada no momento. Ela negou com a cabeça, ainda parecendo muito inquisitiva. — Sabe me dizer se ela tinha algum tipo de problema em casa? Por favor, garotinha, me ajude, o tio dela está preocupado com Destiny e ela precisa de ajuda.

— Por quê? Ela é uma mutante! — a menina franziu os lábios ao citar a palavra “mutante”, visivelmente com asco. A vontade de Elijah era de espremer a cabeça da garota em um campo de força, mas ele apenas sorriu.

— Sim, e é por isso que eu preciso da sua ajuda. Veja bem, o tio dela tem contatos, ele pode ajuda-la a ficar curada, entende?

— Hm — desconfiada, ela começou a mastigar seu pirulito, parecendo pensar em algo. — Olha, o tio dela, digo, o que adotou ela e vivia aqui, era um bêbado completo. Ele batia na esposa e gritava com a mutante todo dia, parecia que ele não gostava de ela sair com uma menina da escola e queria que ela fosse à igreja. Acredita que além de mutante ela é uma sapatão? É como meus pais sempre dizem; viadagem e gene x andam de mãos dadas.

O autocontrole de Elijah nesse momento ruía, enquanto ele lentamente apertava as mãos em punho e, para disfarçar, as enfiava dentro do bolso. Ele queria simplesmente destruir e destroçar aquele pequeno humano inferior, idiota e tola, mas ele tentou raciocinar de forma lógica; ela não tinha culpa de ser burra, foi a criação de seus pais. Comprimindo com força os lábios, ele sorriu, deixando a menina um pouco assustada. Ele retirou um chiclete de seu bolso e entregou para a menina, apertando sua bochecha e recebendo uma carranca como resposta.

— Você conversava com ela? Sabe aonde ela poderia ter ido?

— Em várias brigas ela citava que a namorada, uma tal de Brooke, tinha um apartamento no Queens. Olha, senhor, acho que você deveria ligar para a polícia, ela fez tremer a rua inteira quando fugiu de casa. — A menina aceitou o chiclete, comendo-o e encarando Elijah com desconfiança presente e começou a comê-lo. — Que gosto estranho.

Elijah passou a mão por seus fios crespos, alisando-os e indo para o seu carro enquanto aos poucos a garota engasgava. Bem, chiclete de cianeto não é para todos, não é? Dando a partida e saindo da rua o quanto antes, ele parou alguns quarteirões a frente, estacionando e procurando por qualquer Brooke amiga de uma Destiny Hernandez nas redes sociais. Quase quinze minutos depois, ele encontrou-a e baseando-se nas fotos que ela tirava conseguiu localizar pelo menos a rua onde ela morava – já era um ótimo começo. Dando a partida novamente, ele saiu do bairro já com um destino em mente.

***

A rua Stan Lee’s Dream era bela nessa época do ano, com seus inúmeros apartamentos semelhantes e imponentes. A neve cobria a copa das árvores nuas e as expunham em um tom negro deslumbrante. Estacionando seu carro, Elijah puxou o celular do bolso e deu uma olhada numa das fotos da varanda da garota. Havia um prédio vermelho ao fundo e, localizando-o, bastou atravessar a rua com seus olhos atentos para achar o prédio da garota. E lá estava a varanda com sua grade – ela tinha um gato, que aliás tinha mais fotos que ela nas redes sociais – e plantinhas de maconha. Jovens!

Batendo à porta do apartamento, ninguém o atendeu, então, dando uma olhada na tranquila rua e ao vê-la sem movimento, Elijah concentrou energia cor vinho e arrombou a porta ao destruir a sua maçaneta. Pegando o elevador, logo chegou à casa da garota, a qual lhe atendeu com um amplo sorriso, entretanto o mesmo esmoreceu ao ver a figura neutra de Elijah a observando.

— Esperava alguém? Destiny Hernandez, talvez? — inquiriu o lorde do caos adentrando a casa, fazendo a garota recuar com receio, abismada. Ela parecia amedrontada, como se a qualquer momento fosse ser ferida. — Não quero machucá-la, muito menos espantá-la, só quero saber onde está Destiny. Sei que vocês são namoradas, fiquei sabendo por uma vizinha dela.

Correndo para a cozinha, a garota puxou uma faca de uma das gavetas, posicionando-se com bravura diante de Elijah. Ela era corajosa, e por causa disso ela merecia palmas, porém, caso quisesse, facilmente o mago poderia matar a garota, com um mover de dedos.

— Eu só quero ajudar a Destiny, eu sou um mutante e eu creio que nenhum nunca estendeu a mão para a garota. Tudo o que eu quero é auxiliá-la a controlar os seus poderes. Desde que ela fugiu de casa a uma semana que andam surgindo vários terremotos. Ela precisa de ajuda, não precisa? Se eu estou errado, eu posso ir embora agora mesmo. — E, ao falar aquilo, o semblante de Brooke relaxou e, baixando a faca, a garota encarou Elijah com os olhos marejados. Havia preocupação neles, mas também havia medo de perder a sua amada. Era compreensível.

Do corredor à direita do mutante, Destiny surgiu com passos fracos e um pouco lerdos. Seus braços estavam em volta de seu peito, cheios de manchas roxas e avermelhadas, enquanto ela tinha uma escoriação na testa indicando algum tipo de batida na região, que estava bastante feia. O que poderia ter acontecido com ela?

— São os poderes dela. Ela vibra as coisas, sabe? Ela cria ondas vibracionais e destrói objetos, daí que surgem os tremores e terremotos. Ela desconta tudo no chão por que... — com a voz chorosa, Brooke baixou a cabeça e foi amparada por Destiny, que abraçou a namorada com força e olhou para Elijah, ainda calado.

— Se ela não mirar no chão, poderia usar as vibrações para destruir prédios inteiros, como ela fez com a casa dela — completou Elijah, ainda atônito que o poder da garota não fosse mexer com o solo e a terra, mas sim com ondas vibracionais. Impressionado, o mago não pôde deixar de ser formal e apresentar-se. — Eu me chamo Elijah Montgomery, sou um mutante e estou buscando ajudar outros de minha espécie que precisam de ajuda. Os humanos estão piores do que nunca, os índices de preconceito e morte dos membros de nossa espécie chegaram a um nível alarmante. Precisamos nos unir, Destiny. Você precisa de ajuda, e isso está claro.

— Mas e quanto a Brooke? — clamou a mutante, lágrimas escorrendo por suas bochechas salientes enquanto ela se curvava e gemia de dor, seus braços movendo-se a um ritmo incomum, literalmente vibrando. Ela acabou mirando numa parede que rachou e derrubou vários retratos. — Eu não posso ir sem ela. Aonde vou, ela vai. Ela é humana, mas é a melhor pessoa que eu conheci. Não irei abandoná-la. — Proferiu insistente a latina, fitando a sua namorada e então segurando a sua mão.

Elijah se via diante de um impasse. Não havia como levar uma humana para a sua casa, eles eram instáveis e facilmente manipulados, na primeira chance provavelmente Brooke trairia a sua namorada mutante. Ele não podia permitir isso. O lorde do caos até mesmo chegou a entreabrir os lábios, entretanto um som chamou a atenção dos três no apartamento. Policiais. Eles pararam de frente para o prédio e, vendo-os da varanda, rapidamente Destiny voltou apressada, encarando Elijah com raiva.

— Você os trouxe até aqui, não foi? Você é um policial disfarçado! — berrou ela, fazendo o mutante erguer as mãos.

— Acha que eu estaria na polícia sendo um mutante? — Provando para a garota que ele era o que afirmava ser, o moreno virou e moveu uma pesada estante, pondo-a na porta para servir como bloqueio para os policiais. — Vamos esperar todos eles subirem e desceremos voando. — Afirmou Elijah, indo para a varanda e, notando que haviam muitos policiais e até mesmo agentes da Unidade de Controle Mutante à espreita em torno do prédio, ele decidiu sair com a cara e a coragem.

Com seus poderes, Elijah usou sua energia caótica para destruir a grade da varanda e, já com as duas ao seu lado, criou uma bolha cor vinho e então levitou ambos, protegendo-se das balas – que, no caso, eram tranquilizantes, mas logo os policiais começaram a atirar quando os o lorde parou de se importar com os avisos dos agentes do UCM. Virando-se para Destiny, o homem pensou bem no favor que iria pedir, mas ele era necessário, ou do contrário eles não conseguiriam fugir.

— Preciso que crie um terremoto, Destiny. Sei que não consegue controlar os seus poderes, mas preciso que concentre suas ondas vibracionais no solo para desequilibrá-los. Não posso criar uma bolha de proteção e detê-los ao mesmo tempo — pediu o moreno e, sendo correspondido com um “não” alarmado de Brooke, ele a ignorou. Parecendo pensativa, a menina latina acabou assentindo e, estendendo a mão para o solo, ela começou a se concentrar. — Vou distraí-los, vou abrir um buraco na bolha, só o suficiente para suas ondas atravessarem e penetrar o solo. Ao meu sinal.

— Não sei se eu consigo! — Destiny respondeu, parecendo muito nervosa e sendo abraçada por Brooke.

— Feche os olhos e deixe tudo sair. É como se você estivesse... hm, gozando, ou soltando um barro depois de passar o dia inteiro na rua prendendo. Só deixe tudo sair e seus poderes vão surgir. — Dando um conselho nem tão bom assim em metáforas, mas buscando instruir a latina, Elijah assentiu com confiança para a garota e, assentindo, ela fechou os olhos.

Primeiramente, Montgomery se concentrou e, criando diversas flechas feitas de energia acima da bolha, lançou-as contra os policiais e agentes escondidos por detrás de seus veículos, obrigando-os a se ocultarem. Berrando um “Já”, Elijah abriu um buraco em sua bolha e a garota estendeu suas mãos, criando um tremor que fez toda a rua balançar e rachaduras surgirem no solo, os postes balançarem e os carros dispararem os seus alarmes. Vários agentes e policiais caíram no chão, entretanto um deles conseguiu mirar e atirar. Como reação o lorde do caos fez um mini-escudo na frente dele, porém a bala ricocheteou e pegou em alguém.

— Brooke? — Destiny abriu os seus olhos, entrando em pânico enquanto sua amada caía morta em seus braços. A latina se desesperou, enquanto Elijah levitava a bolha acima do prédio e então pousava do outro lado da rua, próximo de seu veículo, no qual ele rapidamente entrou com a mutante.

Não havia tempo para entristecer-se, os dois mutantes precisavam fugir o quanto antes.

***

Servindo um café para Destiny, Elijah buscou tranquilizar a garota, confortou-a e contou sobre a sua história de vida, sobre como seus pais também o renegaram e o enviaram a um sanatório que, na verdade, era uma clínica para prender mutantes. Brooke foi enterrada no quintal da casa durante a madrugada, um funeral foi feito de forma simples, porém de coração. Decidida a unir-se à Irmandade, a pequena latina chegou à mesma conclusão que Elijah fizera anos atrás: era preciso ficar de mãos dadas com os seus semelhantes, pois nesses momentos de caça não há nada como a união.

Saindo de sua residência enquanto a latina dormia, Elijah foi até um banco e sentou-se, ao seu lado Gregory, um policial.

— Você fez bem em ir até o apartamento, encontrei o endereço mais rápido que vocês, policiais. — Gabou-se o príncipe do caos, sorrindo.

— Sei... bem, fiz o que me pagou, atirei na namorada humana dela e deixei a outra rua livre para escaparem. Só me responde uma coisa; por que tudo isso? Você não vai transformar a mutante numa arma assassina, não é? — perguntou o policial assustado, recebendo um segundo envelope cheio de dinheiro.

— Só queria deixar Destiny sozinha, sem ninguém e desamparada. Agora ela é minha e só isso importa — pondo-se de pé, Elijah alisou a face do belo homem, sentindo a aspereza de seu cavanhaque. — Não se preocupe, só estou salvando mutantes de serem presos e torturados pelo governo, não vamos ser um problema. — Piscando o olho, Elijah atravessou a rua, pensando consigo mesmo sobre o quão proveitoso seria continuar pagando para as pessoas certas fazerem seu trabalho sujo.



(c)
Elijah Montgomery
Elijah Montgomery

Ir para o topo Ir para baixo

Terremoto Empty Re: Terremoto

Mensagem por Powers Of X Dom Jul 14, 2019 10:58 am

MISSÃO CONCLUÍDA

+100 de XP.

©Hopenz
Powers Of X
Powers Of X

Ir para o topo Ir para baixo

Ver o tópico anterior Ver o tópico seguinte Ir para o topo


Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos